Wright Mills, sociólogo, ficou conhecido principalmente pelo
seu livro ‘Imaginação Sociológica"publicado
originalmente nos Estados Unidos em 1959. Nesse livro tem por objetivo explicar a importância da
sociologia, colocando está ciência como uma qualidade do espírito humano, que
ajudaria a perceber o que está acorrendo no mundo e como nos situamos no mundo.
Isso seria possível através do conceito de imaginação sociológica.
Tal conceito ajudou muitos de seus alunos a se engajarem nos mais diversos
movimentos sociais que emergiram no contexto agitado da Guerra do Vietnã, além
de levarem a questionarem as razões para tal guerra.
Mills aponta como um
elemento-chave dessa imaginação sociológica a capacidade de poder
visualizar a sociedade pelo lado de fora, em vez de fazê-lo apenas pelas
perspectiva das experiências pessoais e das pré-concepções culturais. A imaginação
sociológica nos permite ver que muitos eventos que parecem dizer
respeito ao individuo, na verdade, refletem questões mais amplas. Nesse
sentido, trata-se da capacidade de conectar situações da realidade, como os
interesses em disputa, percebendo que a sociedade não se apresenta de
determinada forma por acaso. Nada é natural, nada é por acaso.
Com essa perspectiva Mills vai propor como possibilidade da sociologia
permitir que o indivíduo relacione sua biografia com a realidade
histórico-social, permitindo, assim, a conscientização do agente ao perceber
pequenos pontos de cruzamento de sua biografia com a historia geral. E desta
maneira perceber o que está acontecendo no mundo, e compreender o que acontece
com eles.
Nesse sentido cabe destacar que a imaginação sociologia
não consistiria simplesmente em
aumentar o grau de informação dos indivíduos, e sim para poder perceber, com
lucidez, o que está ocorrendo no mundo e o que pode estar acontecendo dentro
deles mesmos.
Podemos destacar três elementos fundamentais compõem a imaginação
sociológica: a História, a biografia e a estrutura social. Para
compreender a experiência individual e avaliar a si mesmo dentro de seu tempo,
o indivíduo deve entender como a sociedade veio a ser o que é, como se dá o seu
processo de mudança e como sua história está sendo feita.
“Para
compreender as modificações de muitos ambientes pessoais, temos necessidade de
olhar além deles. E o número e variedade dessas modificações estruturais
aumentam à medida que as instituições dentro das quais vivemos se tornam mais
gerais e mais complicadamente ligadas entre si. Ter consciência da ideia da
estrutura social e utilizá-la com sensibilidade é ser capaz de identificar as
ligações entre uma grande variedade de ambientes em pequena escala”.(p.17)
Exemplo: O desemprego
Em uma cidade de milhares de habitantes, somente um
individuo está desempregado, isto é um problema pessoal desse individuo. E para
entender este problema, talvez tenhamos que observar o caráter dessa pessoa,
suas habilidades e suas oportunidades. Porém, quando temos 15 milhões de
desempregados num país de 50 milhões de trabalhadores (ou seja, pessoas em
idade produtiva, que podem exercer uma profissão), isso já não é um problema de
caráter ou de habilidades, mas um problema público, que tem a ver com a estrutura
e com um certo funcionamento da sociedade.
